O amor fez a diferença: a história de Armane

Quando Armane nasceu, as parteiras tradicionais que ajudavam sua mãe, Roseline, hesitaram em entregá-lo. Em vez disso, tentaram esconder o seu rosto. Roseline estava em um arrozal, longe de um hospital, e o parto havia sido longo. “Tive complicações no nascimento — ele quase não resistiu”, contou.

O que as parteiras escondiam era a fenda labial (lábio leporino) de Armane. Quando Roseline finalmente o tomou nos braços, ela o beijou e começou a chorar. “Já dei à luz muitos filhos, mas nenhum era como ele, por isso fiquei preocupada”, disse.

Nascido diferente

Caçula de oito irmãos, Armane nasceu com uma condição que nunca havia sido vista ou comentada em sua aldeia.
A fenda labial é uma malformação congênita que se desenvolve enquanto o bebê ainda está no útero.

Brittany Garrelts, gerente de enfermaria norte-americana a bordo do Africa Mercy®, explicou: “Durante a formação do lábio, os dois lados não se fundem completamente. Então fica uma abertura no lábio, às vezes indo até o nariz.”

Desesperada por ajuda, Roseline procurou médicos e enfermeiros locais, mas ninguém podia oferecer a cirurgia de que Armane precisava.


“Nos Estados Unidos, quando uma criança nasce com fenda labial, isso é diagnosticado antes mesmo do parto ou nas primeiras 24 horas de vida”, disse Brittany. “E essas crianças fazem cirurgia até os três meses… mas aqui [em Madagascar] vemos crianças que não conseguem ter essa cirurgia.”

Nos meses após o nascimento, Roseline lutou para amamentá-lo — sentia-se sozinha e impotente.

“Eu tinha que me deitar de lado para amamentar porque, se ele não conseguisse sugar por causa da fenda, não receberia leite. Também não dormia o suficiente quando usamos mamadeira”, disse. “Ele estava muito fraco; tivemos que dar vitaminas… e ele também tinha dificuldade para falar.”

Além da preocupação constante, Roseline enfrentou julgamento e isolamento de familiares e vizinhos. “Achavam que ele era amaldiçoado; que não era como as outras crianças. Disseram até que não era humano, mas um animal”, recordou, com os olhos marejados.

Mesmo em meio ao desprezo e às dificuldades, Roseline e o marido nunca perderam a esperança. “Orávamos todos os dias — dia e noite — para que meu filho fizesse a cirurgia”, disse.

Quando Roseline e o marido precisavam trabalhar no arrozal, nenhum parente próximo aceitou cuidar de Armane. Ela então recorreu à filha mais velha, Lea, mãe de dois filhos que vive na capital do distrito, a cerca de 60 quilômetros da aldeia. Apesar da caminhada longa e extenuante, Roseline decidiu levar o pequeno Armane, então com 3 anos, para ficar com Lea.

“Lea ama naturalmente as crianças; ela sabe como cuidar delas”, disse Roseline.

Foi nessa época que Roseline conheceu voluntários da Mercy Ships. Pela primeira vez, viu fotos de crianças com fenda labial parecidas com Armane. Animada com a possibilidade de cirurgia gratuita, contou a novidade a Lea. Determinada a ajudar, Lea iniciou uma viagem de quatro dias com o irmãozinho até o Africa Mercy, onde Armane finalmente receberia a cirurgia de reparação do lábio que transformaria sua vida.

Uma família de esperança e cura

O Centro HOPE (Hospital Outpatient Extension) dos Navios da Esperança (Mercy Ships) é mais do que um local de hospedagem — é um santuário de cuidado e conexão durante a jornada médica.

“Nosso time inteiro trabalha dia e noite para estar com eles”, disse Denise Gorissen, facilitadora do Centro HOPE, dos Países Baixos. “Nós os alimentamos e preparamos suas camas.”

Ao chegarem ao Centro HOPE, Lea e o irmão viram, pela primeira vez, outras crianças com fenda labial.

“Ser acolhidos como são, sem ninguém fixar o olhar na condição deles, mas recebê-los com amor — isso faz com que nossos pacientes rapidamente se sintam em casa”, explicou Denise. “E também se abram mais facilmente uns com os outros.”

À medida que as amizades floresciam, o espírito cuidadoso de Lea se destacava. Ela logo passou a ajudar mães que estavam enfrentando dificuldades. “Fico triste ao ver as pessoas lutando. Então, quando vejo isso, não consigo ficar parada”, disse.

Uma dessas mães era Felicia, que carregava o luto de ter perdido dois filhos enquanto buscava cura para Colbert, seu menino de 3 anos. No Centro HOPE, Felicia encontrou mais do que atendimento médico; descobriu uma sensação de família com Armane e Lea. A caminhada compartilhada rumo à cirurgia aproximou suas famílias, criando um laço de apoio e cura.

Amor assegurado e esperança viva

Durante a recuperação de Armane, a enfermeira da enfermaria, a norte-americana Mollie Felder, cuidou dele. “Espero que ele cresça conhecendo o amor e sabendo que tem valor como ser humano”, disse.

De volta à aldeia, Roseline mal conseguia conter a alegria com a transformação do filho. “Agora que ele fez a cirurgia, estou muito feliz — muito feliz!”, exclamou.

Quando o pai de Armane o viu pela primeira vez, tomou-o nos braços e o beijou. “Minha preocupação acabou a partir de agora”, disse aliviado.

Antes atormentada pelo medo de que seu filho nunca experimentasse amor ou aceitação, Roseline hoje transborda esperança. “O futuro dele será melhor agora. Meu filho não será mais alvo de zombaria”, disse. “Meu filho será sempre amado.”

A cirurgia de Armane transformou sua vida — e também levou esperança a toda a aldeia. “A maioria achava que [a fenda labial] não teria conserto, mas quando ele voltou, muita gente veio vê-lo”, contou a mãe. “Ficaram muito surpresos.”

A gerente de enfermaria Brittany admirou o efeito multiplicador de uma cirurgia: “Podemos espalhar essa alegria — a cirurgia de um paciente, mas muitas pessoas tocadas”, disse.

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